sábado, 24 de setembro de 2016

DA MORTE PARA A VIDA!
(A regeneração no ser humano)

... se alguém está em Cristo é nova criação (2 Co 5:17).

Se, por um lado, a conversão é a nossa resposta à salvação oferecida por Deus, por outro, a regeneração, é o outro lado da conversão. É mais um dos passos no processo da salvação. O “homem deve arrepender-se, crer e converter-se; assim Deus ordena. Mas não há mandamento para que o homem se regenere”.[1] A regeneração é obra de Deus. É a transformação que Ele opera nos que crêem; é o seu ato de conceder nova vida espiritual. Significa, essencialmente, renascimento: re-generação. Portanto, regenerar é nascer de novo ou outra vez.[2]
A passagem clássica sobre esta obra esta no evangelho de João: É necessário que vocês nasçam de novo (3:7). Na ocasião que Jesus pronunciou estas palavras, Nicodemos, o homem que a ouviu originalmente, não as entendeu. Achou que Cristo falava de nascimento físico. Todavia, este renascimento é espiritual, é de cima. Esta obra é secreta e misteriosa. A forma exata que ela acontece é um mistério para nós.
É importante perguntarmos quem realiza esta obra? Segundo o texto de João, capítulo 3, é o próprio Espírito Santo o agente da regeneração: o que nasce do Espírito (v. 6). Paulo, de igual modo, confirma esta verdade, quando fala do lavar regenerador do Espírito Santo (Tt 3:5), em sua carta à Tito. A “regeneração é principalmente o trabalho do Espírito Santo (...). Isso significa um renascimento oriundo do próprio Deus. Portanto, é ser ‘nascido de Deus’”.[3] Os que creram em Cristo, não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus (Jo 1:13). Todo crente genuíno em Jesus, é alguém nascido de Deus (1 Jo 3:9; 4:7; 5:4, 18).
E porque Jesus falou que este renascimento é tão necessário? Para responder esta pergunta, precisamos nos lembrar de como a Bíblia fala dos seres humanos antes deste glorioso acontecimento. A condição humana antes da regeneração é desesperadora! Leia o que Paulo diz, em Tito, sobre o que éramos antes deste lavar regenerador do Espírito: Pois nós também, outrora, éramos néscios, desobedientes, desgarrados, escravos de toda sorte de paixões e prazeres, vivendo em malícia e inveja, odiosos e odiando-nos uns aos outros (3:3).
Igualmente, em Éfesios capítulo 2, há um contraste entre a nova e a antiga vida: Ele vos deu vida, estando vós mortos nos vossos delitos e pecados, nos quais andastes outrora, segundo o curso deste mundo, segundo o príncipe da potestade do ar, do espírito que agora atua nos filhos da desobediência (vs. 1-2). Para sair desta condição e poder entrar no reino de Deus, não existe outro caminho: o ser humano precisa nascer de novo (Jo 3:3). A unica esperança para esta humanidade morta espiritualmente, é o renascimento, e este se tornou possível por causa de Cristo![4]
            Outra pergunta importante relacionada à regeneração é sobre o meio utilizado pelo Espírito para realizá-la. O apóstolo Pedro afirmou o seguinte em relação a isto: Vocês foram regenerados, não de uma semente perecível, mas imperecível, por meio da palavra de Deus, viva e permanente (1:23). Então, a regeneração, é uma obra do Espírito, que acontecesse por intermédio da palavra de Deus. É pela palavra do evangelho, que adentra ao nosso coração através da pregação, e como semente, ali germina produzindo nova vida, pela atuação do Espírito. Pela pregação o pecador torna-se alvo da ação regeneradora do Espírito Santo, de modo que a fé vem ao seu coração por ouvi-la (Rm 10:17). A pregação da Palavra é o primeiro passo rumo à vivificação espiritual do pecador, pois quando regenerado, ele se torna uma nova criatura e tudo se faz novo em sua vida (2 Co 5:17).
            Quais seus resultados práticos da regeneração? É óbvio que uma obra tão gloriosa como esta, alterará significativamente a vida daquele que a recebe. Na regeneração a pessoa passa a ser uma nova criatura, como nos informa 2 Co 5:17. A pessoa não deixa de ser ela mesma, mas sua maneira de se comportar e viver no mundo e alterada. “As coisas antigas já passaram”. Depois da regeneração, não vivemos mais dominados pelo pecado. Não estamos mais sob o poder de Satanás. 2 Coríntios 5:15, informa-nos que os que vivem (foram regenerados), não devem viver mais para si mesmos, mas para aquele que por eles morreu e ressuscitou! Nossa vida agora pertence ao Senhor. Somos guiados e orientados por ele, em tudo!
            Dessa forma, ficará evidente a mudança de caráter (2 Co 5:17), de mente (Rm 12:2) e de vontade (Ez 36:26). Quem é regenerado, não mais se mostra dominado pelo pecado (1 Jo 3:9). Antes, luta contra ele porque tem forças para crescer na santificação pessoal. O misericordioso ato da regeneração produz em nós o desejo de termos maior cumplicidade com Cristo e a ele, sermos fiéis. Em 1 João 3:9 lemos: Todo aquele que é nascido de Deus não pratica o pecado, porque a semente de Deus permanece nele; ele não pode estar no pecado, porque é nascido de Deus. Aqui João explica que a pessoa que teve um encontro com Jesus Cristo não vive na prática do pecado porque a semente de Deus que faz produzir vida espiritual está nele. Naturalmente, isso “não significa que a pessoa terá uma vida perfeita, mas que o padrão de vida não será de contínua indulgência em pecado”.[5]
            Outra bênção que acompanha a regeneração é a proteção contra o próprio Satanás: Sabemos que todo aquele que é nascido de Deus não vive em pecado; antes, Aquele que nasceu de Deus o guarda, e o Maligno não lhe toca (1 Jo 5:18). É possível que ele esteja falando aqui, de possessão demoníaca, por causa da palavra grega que foi traduzida por “toca”: haptetai. Este verbo grego significa “aderir a algo”, “apegar-se”. Era empregado para relações sexuais. Então, Satanás não terá liberdade íntima na vida de nenhum crente em Jesus regenerado. O diabo po de até atacar um cristão, mas não pode possuí-lo. Deus nos guarda!

PARA REFLETIR

01. O que quer dizer regeneração e quem é o seu agente?

02. Quais os resultados práticos da regeneração na vida do homem?






[1] Severa (1999:289).
[2] Williams (2011:381).
[3] Idem, p. 383.
[4] Idem.
[5] Grudem (1999:589).