quarta-feira, 26 de outubro de 2016

TUDO PARA A GLÓRIA DE DEUS!
(A conduta na vida cristã)

Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens (Mt 5:16).

Jesus disse que pelo fruto se conhece a árvore (Mt 12:33), e basta fazer uma leitura cuidadosa de todo o texto e descobriremos que ele não está dando uma aula de agricultura, a ideia é que devemos provar o caráter de uma pessoa pela sua conduta.[1] Muito mais do que “dizer” é preciso “evidenciar” que se é discípulo de Cristo no dia-a-dia da nossa jornada cristã! No sermão do monte, Jesus ensinou que o cristão é a luz do mundo, mas não parou por aí. Ele disse também que essa luz deve brilhar diante dos homens, para que estes, “vejam” as suas boas obras e glorifiquem ao Pai que está nos céus (cf. Mt 5:14-16).
     Como cristãos, devemos ter uma conduta que glorifique a Deus. Em Efésios 2:10 Paulo fala sobre isso. Observe a primeira parte do texto: Porque somos feitura sua, criados em Cristo Jesus para as boas obras... (Ef 2:10a). Se fizermos uma leitura atenciosa dos versículos anteriores veremos que eles enfocam duas realidades distintas. Em primeiro lugar, eles mostram a realidade da humanidade sem Cristo (1-3), e em segundo, a realidade da humanidade com Cristo (4-10). Nestes versículos enxergamos o “antes” e o “depois” do encontro transformador com Jesus.
     “Antes” desse maravilhoso encontro com Cristo, estávamos mortos nos nossos delitos e pecados (Ef 2:1), “depois” desse encontro, fomos vivificados pela graça, e Deus nos fez assentar nas regiões celestiais, em Cristo Jesus (Ef 2:5-6). E mais! Observe a palavra “feitura” que aparece no versículo 10. Ela foi traduzida da palavra grega “poiema”, de onde vem nossa palavra em português “poema”. De filhos da ira (Ef 2:3), fomos transformados num poema, numa obra de arte, numa composição de Deus, o criador!
     Mas o que realizou tamanha mudança? Qual o segredo desse gritante contraste entre a velha e a nova vida? A resposta não poderia ser outra: Deus, que é riquíssimo em misericórdia, pelo seu muito amor com que nos amou, (...) nos vivificou juntamente com Cristo (Ef 2:4-5). Deus fez com que tamanha transformação acontecesse! Mas não fez isso sem objetivo. Ele não faz nada sem propósito. A Bíblia nos informa, no versículo 10, um desses objetivos: ...criados em Cristo Jesus para as boas obras (grifo nosso).
     A preposição “para” que aparece neste texto tem um significado profundo. Muito mais do que dizer meramente que as boas obras eram o propósito da nova vida, significa que as boas obras “fazem parte” da nova vida como condição inalienável.[2] A qualidade essencial da nova vida são as boas obras. Em Tito 2:14 Paulo diz que Cristo se deu por nós, a fim de remir-nos de toda iniqüidade e purificar, para si mesmo, um povo exclusivamente seu, zeloso de boas obras.
     Neste texto de Efésios, Paulo mostra que apesar da nossa salvação ser exclusivamente pela graça e não pelas obras (Ef 2:8-9), estas, têm um lugar essencial na vida do crente em Jesus, como fruto da regeneração.[3] Ou seja, apesar de não sermos salvos “pelas” obras (Ef 2:9), fomos salvos “para” andarmos nelas (Ef 2:10). Elas são os sinais visíveis da nova vida em Cristo e evidenciam a santificação pessoal.
     Em II Timóteo 3:17 Paulo ensina que o homem de Deus deve ser perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra. O próprio Jesus disse que não pode a árvore boa produzir maus frutos, nem a árvore má produzir bons frutos (Mt 7:18). Está é a lógica divina! O que há dentro de uma pessoa é o que vai sair dela! Todo aquele que se diz cristão deve apresentar alguma evidencia disso em sua conduta diária. Um crente em Jesus que vive uma vida diária que não glorifica Deus, que não evidencia a santificação pessoal no ambiente familiar, secular e religioso não entendeu a proposta do evangelho. O chamado a santidade é de vinte quatro horas por dia, sete dias por semana, trezentos e sessenta e cinco dias por ano, ele é radical e nos afeta por inteiro, cada esfera da nossa vida.
     Precisamos ter uma conduta exemplar no ambiente familiar! Em Efésios, encontramos o modelo de lar cristão ideal (cf. Ef 5:22-6:4). A santidade no lar é a base para a santidade em todas as outras esferas da vida. A nossa luz também precisa brilhar na confidencialidade das nossas casas. Existem cristãos, que na igreja são um “amor”, mas em casa são um “horror”. Evidenciar a santidade pessoal na igreja e não fazer isso no ambiente familiar é viver uma vida cristã de aparências. O lar cristão precisa ser santo! Pense um pouco na sua vida: Deus tem sido glorificado pelos membros da sua família, pelos seus vizinhos, através das suas boas obras no ambiente familiar?  
     Precisamos ter uma conduta exemplar no ambiente religioso! Veja o que diz Hebreus 10:24: Consideremo-nos uns aos outros para nos estimularmos ao amor e às boas obras (Hb 10:24 – Grifo nosso). A palavra “boas”, do grego “Kalos”, significa “bonitas de se olhar”. Juntos os cristãos precisam crescer e avançar na santidade pessoal. E isso precisa ser evidenciado no meio da igreja. O que seus irmãos de fé têm dito ao seu respeito? Suas obras são “bonitas de se olhar”? Na congregação onde você serve ao Senhor, você tem demonstrado com suas atitudes que é o que diz ser? Tiago disse que a fé, se não tiver obras, é morta em si mesmo (Tg 2:17).      
     Precisamos ter uma conduta exemplar no ambiente secular! “Pensar que santidade cresce no isolamento das quatro paredes da igreja é errar no conceito de santidade”.[4] A santificação pessoal também precisa ser evidenciada no mundo e na sociedade em que vivemos: Na competição do nosso trabalho, nos nossos negócios, nas nossas amizades, nos nossos estudos e até mesmo na condução do nosso carro! Jesus disse: Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem ao vosso Pai que esta nos céus (Mt 5:16). Os não crentes têm glorificado a Deus através das suas boas obras na sociedade?

PARA REFLETIR

01. Como cristãos, qual deve ser a nossa conduta para com Deus?

02. Em que ambientes a nossa “luz” deve brilhar?





[1] Broadus (1942:358).
[2] Foulkes (1983:66).
[3] Davidson (1963:1255).
[4] Shedd (1998:77).