terça-feira, 11 de outubro de 2016

ORDENS DEVEM SER OBEDECIDAS!
(As ordenanças na vida cristã)

... como eu vos fiz, façais vós também (Jo 13:15).

            A comunidade de Jesus, a igreja, não é uma comunidade com um número sem fim de ritos e cerimônias. Todo crente em Jesus, que faz parte da mesma, celebra duas ordenanças deixadas por Jesus: o batismo nas águas e a ceia do Senhor (incluindo a cerimônia do lava-pés). Todas são cerimônias simples, administradas com elementos simples. Nós as chamamos de “ordenanças” justamente porque todas são cerimônias “ordenadas”. O próprio Jesus as ordenou. Precisamos entender que estas “ordenanças” não possuem, em si mesmas, um poder misterioso capaz de mudar aqueles que as praticam. Por si só, elas não podem transmitir graça a ninguém. Todavia, acreditamos firmemente que Deus pode usá-las para fortalecer e encorajar a fé de quem as pratica. Como cristãos, precisamos conhecer bem estas ordenanças. Vamos falar, então, sobre elas, celebrações tão presentes em nossa jornada cristã diária.
            Comecemos falando sobre o batismo. Em seu grande mandamento de fazer novos discípulos, Jesus ensinou os passos a serem dados para o cumprimento desta tarefa: ... vão e façam discípulos de todas as nações, batizando-os (...), ensinando-os a obedecer tudo o que lhes ordenei (Mt 28:19-20). Veja que, os discípulos, segundo Jesus, devem ser batizados. O “batizando” é integração do discípulo na igreja. Batizar é importante porque une o crente a Jesus Cristo em sua morte para o pecado, e em sua ressurreição para uma nova vida. O batismo simboliza a submissão a Cristo, a disposição para viver segundo a vontade de Deus, e a identificação com o povo da aliança.[1] No primeiro século não existiam cristãos sem batismo. O batismo era a identificação com a igreja. Era como o “anel” numa cerimônia de casamento. Um sinal externo da ligação do discípulo com a comunidade.
            O batismo deve ser feito por imersão. A palavra “batismo”, que aparece em nossas Bíblias, é a tradução do verbo grego baptizo, que significa “mergulhar”, “imergir”. Esse vocábulo era usado antigamente para descrever a imersão de tecidos nos corantes e o ato de imergir utensílios na água, a fim de limpá-los. A “despeito de asseverações ao contrário, parece que baptizo, tanto em contextos judaicos como em cristãos, significava ‘imergir’, e que, mesmo quando veio a ser um termo técnico para o batismo, o pensamento de imersão permanece”.[2] De acordo com o significado da própria palavra,  a forma correta de realizar esse ato é a imersão, isto é, o candidato deve ser envolvido completamente na água e, depois, retirado (cf. Mt 3:16; At 8:39).
      E quanto à fórmula do batismo? A Bíblia também a descreve. Jesus, ao instituir essa ordenança, disse: ... batizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo (Mt 28:19 – grifo nosso). Esta é a fórmula batismal: trinitária, ou seja, o pastor ou presbítero que realiza o batismo, deve fazê-lo “em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo”. Nas Escrituras, não encontramos mencionada a idade correta das pessoas que devem ser batizadas. Todavia, a Bíblia apresenta as condições, de forma bem clara, quando afirma que, para alguém ser batizado, é necessário: 1) o arrependimento dos pecados (cf. Mt 3:2-6; At 2:37-38) e 2) a fé em Jesus (cf. Mc 16:16; At 8:36-38, 16:31-33). Sendo assim, como regra geral, podemos afirmar que toda pessoa que seja madura suficiente para confessar seus pecados, arrepender-se e crer em Cristo como Senhor, pode e deve ser batizada. É bom que se diga que o batismo não tem poder de salvar ninguém. Não somos batizados para ser salvos, mas porque somos salvos. Ele simboliza a morte, o sepultamento e a ressurreição de Cristo (Rm 6:3-6). O batismo é um testemunho público da nova vida que nos foi dada.
            Outra ordenança importantíssima é a Ceia do Senhor, a celebração cristã que tem origem em Jesus (1 Co 11:23), recorda sua pessoa e obra (1 Co 11:24-25), e anuncia sua morte e ressurreição (11:26). Cristo é o centro da Ceia. Os elementos da Ceia, o pão e o vinho, simbolizam a sua morte. Na ceia, trazemos a memória o que Cristo fez por nós (1 Co 11:24 - “anamnésis”). Reafirmamos todos os benefícios da morte de Cristo! Por isso a consideramos um memorial. O pão continua sendo pão e o vinho continua sendo vinho. Quem participa desta celebração são os cristãos. Para estes, é dirigido uma exortação para que se “examinem” a si mesmos (1 Co 11:28). O objetivo da exortação é para que não se coma “indignamente” a ceia (1 Co 12:27).
            Então, segundo este texto, cada crente deve fazer um exame de consciência para saber se deve ou não participar da mesma. É de foro íntimo. Comer de forma indigna é tratar a celebração como mais uma refeição, é comer sem fé em Cristo, é comer de maneira irreverente, é comer sem a consciência do que ela representa. Precisamos tomar cuidado, também, para não achar que nós somos “dignos demais”. Ninguém é digno da bondade de Deus. A maneira de celebrarmos a ceia com “dignidade” é no mínimo sabendo o que ela representa e crendo no Senhor Jesus. Todo cristão genuíno, que faz parte da igreja, se auto examinou, pode celebrar a morte do seu Senhor. Pode reafirmar que faz parte da Nova Aliança em seu sangue e desfruta de todos os benefícios da mesma.
            Por fim, existe outra celebração que está ligada à Ceia do Senhor: o lava-pés. No dia que instituiu a ceia, num dado momento da celebração, Jesus se levantou da mesa, tirou a capa, cingiu-se com uma toalha e foi fazer o trabalho de um escravo.  Passou a lavar e enxugar os pés dos discípulos (Jo 13:4-5). Num simples gesto, o Mestre ensinou humildade, igualdade, amor fraternal e serviço cristão (v. 14-17) e, nisto, ele é o maior exemplo, sendo o padrão da conduta cristã (Fl 2:1-11). Depois, ele ordenou: ... como eu vos fiz, façais vós também (Jo 13:15). Por isso, cremos que o Lava-pés é uma ordenança de Cristo a sua igreja e deve ser praticado por nós, hoje (vv.13-17). Embora seja um ato distinto da Ceia, está fortemente ligado a ela. Note que ambos foram instituídos por Jesus na mesma noite. Um é preparação para o outro.

PARA REFLETIR

01. O que simboliza o batismo e como ele deve ser realizado?

02. O que é a ceia do Senhor e qual seu o simbolismo?





[1] Comentário Bíblico Aplicação Pessoal (2009:171).
[2] Brow (ed.) (1981:260).