ORDENS DEVEM SER OBEDECIDAS!
(As ordenanças na vida cristã)
... como eu vos fiz, façais vós também (Jo 13:15).
A comunidade de Jesus, a igreja, não é uma
comunidade com um número sem fim de ritos e cerimônias. Todo crente em Jesus,
que faz parte da mesma, celebra duas ordenanças deixadas por Jesus: o batismo
nas águas e a ceia do Senhor (incluindo a cerimônia do lava-pés). Todas são
cerimônias simples, administradas com elementos simples. Nós as chamamos de
“ordenanças” justamente porque todas são cerimônias “ordenadas”. O próprio
Jesus as ordenou. Precisamos entender que estas “ordenanças” não possuem, em si
mesmas, um poder misterioso capaz de mudar aqueles que as praticam. Por si só,
elas não podem transmitir graça a ninguém. Todavia, acreditamos firmemente que
Deus pode usá-las para fortalecer e encorajar a fé de quem as pratica. Como
cristãos, precisamos conhecer bem estas ordenanças. Vamos falar, então, sobre
elas, celebrações tão presentes em nossa jornada cristã diária.
Comecemos
falando sobre o batismo. Em seu grande mandamento de fazer novos discípulos,
Jesus ensinou os passos a serem dados para o cumprimento desta tarefa: ... vão e façam discípulos de todas as
nações, batizando-os (...), ensinando-os a obedecer tudo o que lhes ordenei (Mt
28:19-20). Veja que, os discípulos, segundo Jesus, devem ser batizados. O
“batizando” é integração do discípulo na igreja. Batizar é importante porque
une o crente a Jesus Cristo em sua morte para o pecado, e em sua ressurreição
para uma nova vida. O batismo simboliza a submissão a Cristo, a disposição para
viver segundo a vontade de Deus, e a identificação com o povo da aliança.[1]
No primeiro século não existiam cristãos sem batismo. O batismo era a
identificação com a igreja. Era como o “anel” numa cerimônia de casamento. Um
sinal externo da ligação do discípulo com a comunidade.
O batismo deve
ser feito por imersão. A
palavra “batismo”, que aparece em nossas Bíblias, é a tradução do verbo grego baptizo, que significa “mergulhar”,
“imergir”. Esse vocábulo era usado antigamente para descrever a imersão de
tecidos nos corantes e o ato de imergir utensílios na água, a fim de limpá-los.
A “despeito de asseverações ao contrário, parece que baptizo, tanto em contextos judaicos como em cristãos, significava
‘imergir’, e que, mesmo quando veio a ser um termo técnico para o batismo, o
pensamento de imersão permanece”.[2]
De acordo com o significado da própria palavra,
a forma correta de realizar esse ato é a imersão, isto é, o candidato
deve ser envolvido completamente na água e, depois, retirado (cf. Mt 3:16; At 8:39).
E quanto à fórmula do batismo? A Bíblia também a descreve. Jesus, ao instituir essa ordenança,
disse: ... batizando-os em nome do Pai,
do Filho e do Espírito Santo (Mt 28:19 – grifo nosso). Esta é a fórmula
batismal: trinitária, ou seja, o pastor ou presbítero que realiza o batismo,
deve fazê-lo “em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo”. Nas Escrituras,
não encontramos mencionada a idade correta das pessoas que devem ser batizadas.
Todavia, a Bíblia apresenta as condições, de forma bem clara, quando afirma
que, para alguém ser batizado, é necessário: 1) o arrependimento dos pecados (cf. Mt 3:2-6; At 2:37-38) e 2) a fé em
Jesus (cf. Mc 16:16; At 8:36-38,
16:31-33). Sendo assim, como regra geral, podemos afirmar que toda pessoa que
seja madura suficiente para confessar seus pecados, arrepender-se e crer em
Cristo como Senhor, pode e deve ser batizada. É bom que se diga que o batismo
não tem poder de salvar ninguém. Não somos batizados para ser salvos, mas
porque somos salvos. Ele simboliza a morte, o sepultamento e a ressurreição de
Cristo (Rm 6:3-6). O batismo é um testemunho público da nova vida que nos foi
dada.
Outra ordenança
importantíssima é a Ceia do Senhor, a celebração cristã que tem origem em Jesus
(1 Co 11:23), recorda sua pessoa e obra (1 Co 11:24-25), e anuncia sua morte e
ressurreição (11:26). Cristo é o centro da Ceia. Os elementos da Ceia, o pão e
o vinho, simbolizam a sua morte. Na ceia, trazemos a memória o que Cristo fez
por nós (1 Co 11:24 - “anamnésis”). Reafirmamos todos os benefícios da morte de
Cristo! Por isso a consideramos um memorial. O pão continua sendo pão e o vinho
continua sendo vinho. Quem participa desta celebração são os cristãos. Para
estes, é dirigido uma exortação para que se “examinem” a si mesmos (1 Co
11:28). O objetivo da exortação é para que não se coma “indignamente” a ceia (1
Co 12:27).
Então, segundo
este texto, cada crente deve fazer um exame de consciência para saber se deve
ou não participar da mesma. É de foro íntimo. Comer de forma indigna é tratar a
celebração como mais uma refeição, é comer sem fé em Cristo, é comer de maneira
irreverente, é comer sem a consciência do que ela representa. Precisamos tomar
cuidado, também, para não achar que nós somos “dignos demais”. Ninguém é digno
da bondade de Deus. A maneira de celebrarmos a ceia com “dignidade” é no mínimo
sabendo o que ela representa e crendo no Senhor Jesus. Todo cristão genuíno,
que faz parte da igreja, se auto examinou, pode celebrar a morte do seu Senhor.
Pode reafirmar que faz parte da Nova Aliança em seu sangue e desfruta de todos
os benefícios da mesma.
Por fim, existe
outra celebração que está ligada à Ceia do Senhor: o lava-pés. No dia que
instituiu a ceia, num dado momento da celebração, Jesus se levantou da mesa,
tirou a capa, cingiu-se com uma toalha e foi fazer o trabalho de um
escravo. Passou a lavar e enxugar os pés
dos discípulos (Jo 13:4-5). Num simples gesto, o Mestre ensinou humildade,
igualdade, amor fraternal e serviço cristão (v. 14-17) e, nisto, ele é o maior
exemplo, sendo o padrão da conduta cristã (Fl 2:1-11). Depois, ele ordenou: ... como eu vos fiz, façais vós também
(Jo 13:15). Por isso, cremos que o Lava-pés é uma ordenança de Cristo a sua
igreja e deve ser praticado por nós, hoje (vv.13-17). Embora seja um ato
distinto da Ceia, está fortemente ligado a ela. Note que ambos foram instituídos
por Jesus na mesma noite. Um é preparação para o outro.
PARA REFLETIR
01. O que simboliza o batismo e como ele deve ser realizado?
02. O que é a ceia do Senhor e qual seu o simbolismo?