sábado, 17 de setembro de 2016

MEU JESUS, SALVADOR
(O salvador do ser humano)

Eu mesmo o vi com meus próprios olhos e o ouvi falar (1 Jo 1:1, BV).

Prego, martelo, machadinha, plaina, formão, esquadro, todas essas ferramentas eram bem comuns para Ele. Em Nazaré era conhecido apenas como um carpinteiro. “Ele não é melhor do que nós”, diziam. “É apenas um carpinteiro, o filho de Maria (Mc 6:3 - BV). Se eles soubessem... Se tivessem ao menos ideia de quem estava diante deles. Era o próprio Deus, Jesus! Ele se fez gente, se humilhou, tornou-se semelhante aos homens (Fp 2:7), participou da história humana como um humano. A encarnação de Jesus é uma das doutrinas básicas da fé cristã.
Mais de dois mil anos se passaram desde a primeira vinda de Cristo a terra e, ainda hoje a quem duvide: Será mesmo que Deus se fez gente? Já houve alguns que negaram a encarnação de Cristo dizendo que ele não passava de um fantasma, tinha aparência de homem, mas, era uma mera simulação.[1] Difícil para estes é explicar as palavras de João, que cintilam verdade, exalam alegria: Eu mesmo o vi com meus próprios olhos e o ouvi falar. Eu toquei nele com as minhas próprias mãos (1 Jo 1:1 – BV). Ele esteve entre nós!
Nos primeiros cinco versículos do capítulo 1, do Evangelho de João, temos algumas informações preciosas sobre Jesus, o agente da intervenção. Em primeiro lugar, João aponta a eternidade de Jesus: No princípio era o Verbo... Ele estava no princípio com Deus (Jo 1:1a, 2). Esses versículos mostram que Cristo sempre existiu! Ele não “se fez” Verbo no princípio, Ele “era” o Verbo no princípio.[2] Não percamos de vista o que João vai falar da encarnação no versículo 14, entretanto, desde os primeiros versículos, já fica bem claro que o agente da intervenção é eterno. Ele não começou a existir a partir dela, não foi criado como alguns têm afirmado.
Em segundo lugar, João revela a identidade de Jesus: ...e o Verbo estava com Deus, e o verbo era Deus (Jo 1:1b). Ele estava com Deus, ou seja, “existia na mais estreita comunhão possível com o Pai”.[3] Ele era Deus, aquele que se tornou carne, o agente da intervenção, era completamente divino! Além da identidade, João, em terceiro lugar, mostra a capacidade de Jesus. Dois pontos são ressaltados. Primeiro, Ele é o criador de todas as coisas. Todas as coisas foram feitas por meio dele... (Jo 1:3a). Segundo, Ele é o doador de toda a vida: A palavra era a fonte da vida... (Jo 1:4a - NTLH).  
Segundo o evangelho de João, este doador de toda vida veio viver entre os seres humanos como um ser humano: O Verbo se fez carne, e habitou entre nós... (Jo 1:14a – grifo nosso). É isso mesmo! Você não leu errado. Jesus se fez homem. Aquele que criou o mundo, que existia antes do mundo, veio participar da história do mundo. Entretanto, o verbo se fez aqui tem um sentido especial. O texto afirma que Jesus tornou-se uma pessoa humana histórica e real, mas não sugere que Ele deixou de ser o que era antes.[4] Jesus abriu mão da sua posição e não da sua divindade (Fp 2:5-6). Ele era ao mesmo tempo Deus e homem.[5] 
O fato de Jesus assumir a natureza humana sem deixar de lado a divina é um enigma que já tirou o sono de muitos.[6] Como isso foi possível? Tudo começou com sua concepção sobrenatural (cf. Mt 1:18). Deus entrou no mundo como um bebê. Cresceu como uma criança judia normal, “se o líder da sinagoga em Nazaré soubesse quem estava ouvindo seus sermões...”.[7] Durante sua vida sentiu o que eu e você sentimos. Derramou lágrimas (Jo 11:35). Sentiu medo (Lc 22:42). Teve sede (Jo 19:28). Fome (Mt 4:2). Cansou-se (Jo 4:6). Não viveu numa “separação elevada”, mas “conosco”, como um de nós, no meio das multidões, ocupado, assediado.
Qual a razão do Filho de Deus morar entre nós? A Bíblia responde. A intervenção de Jesus, o Verbo encarnado, tem objetivos bem definidos. O primeiro deles está relacionado com a “salvação”: Veio para os que eram seus, mas os seus não o receberam, mas a todos os que o receberam, àqueles que crêem no seu nome, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus. Jesus se fez gente para que a salvação se tornasse possível para o ser humano! Paulo concorda com essa verdade quando afirma: ... Cristo Jesus veio ao mundo para salvar os pecadores (1 Tm 1:15). Se por um homem entrou o pecado, a graça de Deus, por um só homem, Jesus Cristo, abundou para muitos (Rm 5:15). Por sua morte, ganhamos vida!
O segundo motivo pelo qual Deus se fez gente está relacionado com “identificação”. Se traduzida literalmente do grego para o português, a expressão habitou entre nós (Jo 1:14), significa “armou barraca entre nós”. Jesus veio morar conosco para que um dia nós possamos ir morar com Ele![8] Se existe uma pessoa que pode ser tomada como exemplo de verdadeira empatia esse alguém é Jesus. Deus se fez gente para identificar-se com o ser humano. O Verbo encarnado enfrentou os mesmos dilemas que eu e você enfrentamos, tais como: amargura (Lc 22:4), compaixão (Mt 9:36), ira (Mc 3:5), angustia (Jo 12:27), rejeição (Mt 26:69-74).
Se você já encarou qualquer um dos sentimentos, acima descritos, lembre-se que Jesus já os experimentou. Ele nos entende perfeitamente. Saber disso é importante, porque nos faz valorizar ainda mais o seu ensino, por exemplo. Você já parou para pensar que o Jesus que disse “ame o seu próximo(Mc 12:30), é o mesmo cujos vizinhos queriam matá-lo (Lc 4:29)? Você já meditou que o Jesus que desafiou seus seguidores a deixarem suas famílias em favor do evangelho (Mc 10:29) é o mesmo que deixou sua família por causa do evangelho (Mc 3:31-35)? Você já considerou que a ordem “ore pelo que o persegue” (Mt 5:44) veio dos lábios de alguém que logo estaria suplicando perdão para os seus assassinos (Lc 23:34).[9] Essa é a beleza da encarnação, Jesus ensinou coisas que podem e devem ser praticadas, afinal, Ele viveu-as! Esse é Jesus, o nosso Salvador.

PARA REFLETIR
01. Qual a grandiosa verdade que encontramos em João 1:1-14 e 1 João 1:1?
02. Quais as duas razões porque o Filho de Deus veio morar entre nós? Qual a sua decisão diante destas verdades?



[1] Essa teoria é chamada de docetismo (Macleod, 2007:167).
[2] Pfeiffer & Harrison (1980:177). 
[3] Hendriksen (2004:101).
[4] Hendriksen (2004:118).
[5] Bruce (1987:45).
[6] Para mais informações leia as lições 2, 3 e 5 da Série: Jesus: Vida e Obra, publicada pela IAP (Nº 281 – Edição de Out/Dez 2007).
[7] Lucado (1998:24).
[8] Kepler (2008:3).
[9] Lucado (1998:25).