MEU JESUS, SALVADOR
(O salvador do ser humano)
Eu mesmo o vi com meus próprios olhos e o ouvi falar (1 Jo 1:1, BV).
Prego,
martelo, machadinha, plaina, formão, esquadro, todas essas ferramentas eram bem
comuns para Ele. Em Nazaré era conhecido apenas como um carpinteiro. “Ele não é melhor do que nós”, diziam. “É
apenas um carpinteiro, o filho de Maria (Mc 6:3 - BV). Se eles soubessem...
Se tivessem ao menos ideia de quem estava diante deles. Era o próprio Deus,
Jesus! Ele se fez gente, se humilhou,
tornou-se semelhante aos homens (Fp 2:7), participou da história humana
como um humano. A encarnação de Jesus é uma das doutrinas básicas da fé cristã.
Mais de
dois mil anos se passaram desde a primeira vinda de Cristo a terra e, ainda
hoje a quem duvide: Será mesmo que Deus
se fez gente? Já houve alguns que negaram a encarnação de Cristo dizendo
que ele não passava de um fantasma, tinha aparência de homem, mas, era uma mera
simulação.[1]
Difícil para estes é explicar as palavras de João, que cintilam verdade, exalam
alegria: Eu mesmo o vi com meus próprios
olhos e o ouvi falar. Eu toquei nele com as minhas próprias mãos (1 Jo 1:1
– BV). Ele esteve entre nós!
Nos
primeiros cinco versículos do capítulo 1, do Evangelho de João, temos algumas
informações preciosas sobre Jesus, o agente da intervenção. Em primeiro lugar,
João aponta a eternidade de Jesus: No
princípio era o Verbo... Ele estava no princípio com Deus (Jo 1:1a, 2).
Esses versículos mostram que Cristo sempre existiu! Ele não “se fez” Verbo no
princípio, Ele “era” o Verbo no princípio.[2] Não
percamos de vista o que João vai falar da encarnação no versículo 14,
entretanto, desde os primeiros versículos, já fica bem claro que o agente da intervenção
é eterno. Ele não começou a existir a partir dela, não foi criado como alguns
têm afirmado.
Em segundo
lugar, João revela a identidade de Jesus: ...e
o Verbo estava com Deus, e o verbo era Deus (Jo 1:1b). Ele estava com Deus, ou seja, “existia na
mais estreita comunhão possível com o Pai”.[3] Ele era Deus, aquele que se tornou carne, o agente da
intervenção, era completamente divino! Além da identidade, João, em terceiro
lugar, mostra a capacidade de Jesus. Dois pontos são ressaltados. Primeiro, Ele
é o criador de todas as coisas. Todas as
coisas foram feitas por meio dele... (Jo 1:3a). Segundo, Ele é o doador de
toda a vida: A palavra era a fonte da
vida... (Jo 1:4a - NTLH).
Segundo o
evangelho de João, este doador de toda vida veio viver entre os seres humanos
como um ser humano: O Verbo se fez carne, e habitou entre nós... (Jo
1:14a – grifo nosso). É isso mesmo! Você não leu errado. Jesus se fez homem. Aquele
que criou o mundo, que existia antes do mundo, veio participar da história do
mundo. Entretanto, o verbo se fez aqui
tem um sentido especial. O texto afirma que Jesus tornou-se uma pessoa humana
histórica e real, mas não sugere que Ele deixou de ser o que era antes.[4]
Jesus abriu mão da sua posição e não da sua divindade (Fp 2:5-6). Ele era ao
mesmo tempo Deus e homem.[5]
O fato de
Jesus assumir a natureza humana sem deixar de lado a divina é um enigma que já
tirou o sono de muitos.[6]
Como isso foi possível? Tudo começou com sua concepção sobrenatural (cf. Mt 1:18). Deus entrou no mundo como
um bebê. Cresceu como uma criança judia normal, “se o líder da sinagoga em
Nazaré soubesse quem estava ouvindo seus sermões...”.[7]
Durante sua vida sentiu o que eu e você sentimos. Derramou lágrimas (Jo 11:35).
Sentiu medo (Lc 22:42). Teve sede (Jo 19:28). Fome (Mt 4:2). Cansou-se (Jo
4:6). Não viveu numa “separação elevada”, mas “conosco”, como um de nós, no
meio das multidões, ocupado, assediado.
Qual a
razão do Filho de Deus morar entre nós? A Bíblia responde. A intervenção de
Jesus, o Verbo encarnado, tem objetivos bem definidos. O primeiro deles está
relacionado com a “salvação”: Veio para
os que eram seus, mas os seus não o receberam, mas a todos os que o receberam,
àqueles que crêem no seu nome, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus.
Jesus se fez gente para que a salvação se tornasse possível para o ser
humano! Paulo concorda com essa verdade quando afirma: ... Cristo Jesus veio ao mundo para salvar os pecadores (1 Tm
1:15). Se por um homem entrou o pecado, a graça de Deus, por um só homem, Jesus Cristo, abundou para muitos (Rm
5:15). Por sua morte, ganhamos vida!
O segundo
motivo pelo qual Deus se fez gente está relacionado com “identificação”. Se
traduzida literalmente do grego para o português, a expressão habitou entre nós (Jo 1:14), significa
“armou barraca entre nós”. Jesus veio morar conosco para que um dia nós
possamos ir morar com Ele![8]
Se existe uma pessoa que pode ser tomada como exemplo de verdadeira empatia
esse alguém é Jesus. Deus se fez gente para identificar-se com o ser humano. O
Verbo encarnado enfrentou os mesmos dilemas que eu e você enfrentamos, tais
como: amargura (Lc 22:4), compaixão (Mt 9:36), ira (Mc 3:5), angustia (Jo 12:27), rejeição
(Mt 26:69-74).
Se você já
encarou qualquer um dos sentimentos, acima descritos, lembre-se que Jesus já os experimentou. Ele nos
entende perfeitamente. Saber disso é importante, porque nos faz valorizar ainda
mais o seu ensino, por exemplo. Você já parou para pensar que o Jesus que disse
“ame o seu próximo” (Mc 12:30), é o
mesmo cujos vizinhos queriam matá-lo (Lc 4:29)? Você já meditou que o Jesus que
desafiou seus seguidores a deixarem suas famílias em favor do evangelho (Mc
10:29) é o mesmo que deixou sua família por causa do evangelho (Mc 3:31-35)?
Você já considerou que a ordem “ore pelo que o persegue” (Mt 5:44) veio dos
lábios de alguém que logo estaria suplicando perdão para os seus assassinos (Lc
23:34).[9]
Essa é a beleza da encarnação, Jesus ensinou coisas que podem e devem ser
praticadas, afinal, Ele viveu-as! Esse é Jesus, o nosso Salvador.
PARA
REFLETIR
01. Qual a
grandiosa verdade que encontramos em João 1:1-14 e 1 João 1:1?
02. Quais
as duas razões porque o Filho de Deus veio morar entre nós? Qual a sua decisão
diante destas verdades?
[1]
Essa teoria é chamada de docetismo
(Macleod, 2007:167).
[2] Pfeiffer & Harrison (1980:177).
[3] Hendriksen (2004:101).
[4]
Hendriksen (2004:118).
[5]
Bruce (1987:45).
[6]
Para mais informações leia as lições 2, 3 e 5 da Série: Jesus: Vida e Obra, publicada
pela IAP (Nº 281 – Edição de Out/Dez 2007).
[7]
Lucado (1998:24).
[8]
Kepler (2008:3).
[9]
Lucado (1998:25).