terça-feira, 27 de setembro de 2016

DECLARADO JUSTO!
(A justificação do ser humano)

... sendo justificados gratuitamente pela sua graça (Rm 3:24).

Como pode um Deus tão perfeito, aceitar em sua presença seres humanos tão imperfeitos? A única maneira de isso acontecer foi providenciada pelo próprio Deus, quando este enviou Jesus Cristo para morrer pelos seres humanos quando estes ainda eram pecadores (Rm 5:8). Esta é a grande prova de amor de Deus! Por causa deste sacrifício, hoje, todo ser humano, pode ser perdoado e aceito por Deus. Ao entregar sua vida a Cristo, além da regeneração, outro ato de Deus que acontece por ocasião da conversão é a justificação. Por justificação, entendemos o ato de Deus declarar que, aos seus olhos, os pecadores são justos.[1]
O verbo “justificar” é tirado do mundo jurídico da época. Quando alguém cometia algum deslize contrariando a lei, passava a ter uma pendência para com a justiça. Quando alguém pagava a pena, ou pagava pelo dano causado a outro, era considerado justificado. Em seu prontuário, existia a descrição da falta cometida, mas com o carimbo que garantia que jamais poderia ser acusado daquele crime. O carimbo dizia: “Justificado!”.[2] Nós também tínhamos uma enorme dívida com Deus, e, por meio de Cristo, quando o recebemos, ele nos declara “justificados”. Nossa dívida foi paga. Mesmo continuando a cometer erros, aos olhos de Deus somos justos, por causa do que Cristo fez.
Quem nos justifica é o Senhor! As nossas próprias justiças são como trapos de imundícia, segundo o profeta Isaías (64:6). Por isso, só Deus pode nos declarar justos. De acordo com o ensino do apóstolo Paulo, é Deus quem justifica (Rm 8:33); ele é justo e o justificador daquele que tem fé em Jesus (Rm 3:26). A justificação não é um ato humano, mas é algo que provém de Deus. E ele faz isso, por meio do que Cristo fez por nós. Jesus Cristo, o justo, morreu no lugar dos injustos. Na cruz, houve uma troca de papéis: Ele morreu a nossa morte para vivermos a sua vida. Ele, voluntariamente, cumpriu a condenação ou a pena que era nossa. Na justificação o Pai declara, com base na morte substitutiva de Jesus, que todo pecador que aceita o Filho por salvador também resolve, por meio dele, todas as pendências com a justiça divina.
Somos justificados gratuitamente! No capítulo 5 de Romanos, Paulo fala da justificação pela fé, e diz que nós obtivemos acesso a esta graça por intermédio de Cristo (Rm 5:1-2). Em Gálatas ele também afirma: temos crido em Cristo Jesus, para que fôssemos justificados pela fé em Cristo e não por obras da lei, pois, por obras da lei, ninguém será justiçado (2:16). Ele chega a dizer, no versículo 21, que se a justiça veio por meio da lei, então, Cristo morreu inutilmente. Somos justificados pela fé em Cristo! Pois bem, existem benefícios para os que são justificados por Cristo? A palavra de Deus mostra que sim. A justificação pela fé traz inúmeros benefícios para o salvo em Jesus. Quais são eles? Romanos 5:1-11, traz alguns destes benefícios.
Em primeiro lugar, podemos desfrutar da maravilhosa paz com Deus, v. 1. O texto não diz que agora temos a “paz de Deus”, que também é importante. O texto diz que, agora que fomos justificados, temos paz “com Deus”. É paz em direção a Deus, ou com respeito a Deus. É paz no sentido de que, agora, temos harmonia com Deus. Não há barreiras entre nós e ele. Em segundo lugar, podemos nos gloriar na esperança da glória de Deus, v. 2. Quando os seres humanos pecaram foram destituídos da glória de Deus (Rm 3:23). Agora, com a justificação, podemos nos alegrar com o fato de que esta glória de desvendará e poderemos participar dela novamente. Antever este nosso futuro deve nos trazer grande alegria!
Em terceiro lugar, podemos nos gloriar nas tribulações, v. 3. Jesus disse que no mundo teríamos aflições (Jo 16:33) e Paulo disse que é “necessário passarmos por muitas tribulações para entrar no reino de Deus” (At 14:22). A justificação nos ajuda a ter uma atitude positiva diante do sofrimento. Não estamos falando aqui de uma atitude doentia, insana, de deliciar-se na dor. Não é isso. É antes reconhecer, como diz Stott, que por detrás do sofrimento existe uma racionalidade divina. Deus usa as tribulações para nos tornar mais semelhantes a ele. As tribulações constroem o caráter do cristão. Elas podem ser produtivas se reagirmos a elas sem indignação e amargura. Precisamos participar dos sofrimentos de Cristo para podermos desfrutar da sua glória (Rm 8:17).
Em quarto lugar, podemos ter a convicção de que seremos salvos, v. 9. Nos versículos 6-8, de Romanos 5, Paulo apresenta a grande prova do amor de Deus pelos seres humanos. Ele enviou seu Filho para morrer por nós quando ainda éramos “pecadores”. Cristo morreu por pessoas desprezíveis. Ele fez isso para que pudéssemos chegar a Deus. E os que o receberem se achegaram. Receberam a salvação. Já estão salvos. Todavia, a partir do versículo 9, Paulo olha de novo para o futuro. Há um contraste entre o que Cristo já conquistou na primeira vinda, e o que está por fazer em sua segunda vinda. Já somos salvos, mas ainda não desfrutamos de todos os benefícios da salvação. Ainda não fomos livres da presença do pecado. O pecado ainda habita em nós. Ainda receberemos uma coroa. Ainda receberemos novos corpos. Ainda seremos salvos!
Por isso, diz Paulo, agora, que fomos justificados pelo seu sangue, muito mais ainda, por meio dele seremos salvos da ira de Deus (v. 9). O versículo 10 também diz que, se quando éramos inimigos fomos reconciliados com Deus, agora que fomos reconciliados, seremos salvos por sua vida (v. 10). Você que se rendeu a Cristo como Salvador e foi justificado, creia: serás salvo!

PARA REFLETIR

01. O que é a justificação e por meio de quem a recebemos? Quanto ela nos custa?

02. Leia Romanos 5:1-11 e enumere alguns benefícios da justificação?





[1] Erickson (1997:408).
[2] Agreste (2007:33).