AGORA SOU DA FAMÍLIA!
(A adoção dos seres humanos)
Pai nosso que estás nos céus... (Mt 6:9).
Uma coisa é
ser justificado, receber o cancelamento da dívida que havia contra nós. Mas
Deus faz mais. Além de cancelar a dívida, nos adota para sua família. Podemos
definir adoção como sendo o ato de Deus por meio do qual ele nos faz membros da
sua família.[1]
A salvação inclui também fazer parte da família de Deus. Agora somos filhos!
Antes da
queda, Adão e Eva mantinham um relacionamento muito próximo com o criador: eram
amigos. Mas esse relacionamento foi rompido pelo pecado e aquele casal
tornou-se inimigo de Deus. A partir de então, todos os seus descendentes
(inclusive nós) nasceram destituídos da filiação divina. Por causa do pecado,
os seres humanos deixaram de ser filhos e passaram a ser apenas criaturas de
Deus. Com natureza pecaminosa, tornaram-se filhos
do diabo (Jo 8:44), filhos da
desobediência (Ef 2:2) e filhos da
ira (Ef 2:3).
Em 1 João
há um claro contraste entre “filhos de Deus” e “filhos do diabo” (3:10). Todos
os seres humanos estão num ou noutro grupo. O evangelho de João diz que todos
que o receberam, os que creem no seu
nome, deu-lhes a prerrogativa de se tornarem filhos de Deus (1:12, AS21).
Este é mais um passo importantíssimo no processo da salvação. O cristão tem o
privilégio de olhar para Deus não apenas como o juiz que o justificou, mas como
o Pai amoroso com quem se reconciliou e com quem pode se relacionar.
Na oração
modelo Jesus nos ensinou a chamar Deus de Pai: Pai nosso que estás nos céus... (Mt 6:9). Ninguém, antes dele,
ousou usar este termo para se referir a Deus. Talvez, alguns, dentre os doze
discípulos, devem ter sussurrado meio sem entender o que haviam acabado de
ouvir dos lábios do seu mestre: “Será que podemos mesmo chamar Deus
assim?”. No Antigo Testamento, existem
algumas (14 para ser exato) raras ocasiões onde Deus é chamado de Pai. Isaías
64:8 é uma delas, Jeremias 3:4 outra. Entretanto, em nenhum texto do Antigo
Testamento, a designação “Pai”, usada em referência a Deus, assume o sentido
que Jesus deu na oração do Pai Nosso.
Jesus,
quando pronunciou a oração do Pai nosso, deve ter usado a palavra
“Abba”. Não se esqueça que ele falava aramaico e, era assim que se dizia “pai”
em aramaico. Jesus se utilizou desta palavra em outra ocasião, quando
conversava com o Pai, na oração do Getsêmani (Mc 14:36). Mas, o que esta palavra
tem de tão especial?
Primeiro:
Um estudo na literatura judaica da época, sobre oração, irá mostrar que em
lugar algum Deus é chamado de “Abba”; ou seja, não era comum orar a Deus
chamando-o e nem o enxergando como um Pai.
Segundo:
“Abba” era uma das primeiras palavras aprendidas pela criança que estava
começando a falar. Ela aprendia a dizer esta palavra logo após ser desmamada.
Esse era um termo infantil carregado de afeto. Ninguém ousaria dizer “Abba”
referindo-se a Deus. Jesus fez isso! E mais: estendeu esse privilégio a todos
nós, isto é, a todos os seus discípulos.
Nós podemos
chamar Deus de Pai. Ele é o nosso pai querido. Dirigir-se a Deus assim como uma
criançinha se dirige a seu pai, é dirigir-se a Deus com simplicidade familiar,
com dependência, com confiança. Para uma criançinha, o pai é herói, é o máximo,
“pode tudo”. Ela confia nele, sem reservas. Essa é a ideia deste texto. Essa é
a ideia da oração do Pai nosso. Você pode confiar sem reservas no Pai celeste.
Mesmo
diante dos Tsunamis, das guerras e dos terremotos, não se esqueça: você, que
entregou a sua vida a Cristo, tem um Pai mais do que especial: E, porque vocês são filhos, Deus enviou o
espírito do seu Filho ao coração de vocês, e ele clama: “Aba, Pai” (Gl 4:6).
Outra
informação valiosa que não podemos esquecer, quando falamos de adoção, é a
relacionada aos benefícios deste ato. Quando Paulo trata da adoção de filhos, em Gl
4:5, está se referindo a um procedimento da lei romana daquela época. De acordo
com a lei, numa certa ocasião, o adotado era formalmente apresentado e reconhecido,
diante da sociedade, e passava a desfrutar de todos os privilégios de filho
legítimo; tornava-se herdeiro de quem o adotara.[2] Leia
o que disse Paulo: Ora, se somos filhos,
somos também herdeiros, herdeiros de Deus e co-herdeiros com Cristo (Rm
8:17).
Ser filho
também implica em ser corrigido pelo Pai, quando necessário. Com o objetivo de nos tornar santos como
ele é, Deus nos corrige, e isso é prova de seu amor por nós (Hb 12:5-11), pois
ele se preocupa conosco e quer que sejamos pessoas melhores. Vede que grande amor nos tem concedido o
Pai, a ponto de sermos chamados filhos de Deus (1 Jo 3:1).
PARA REFLETIR
01. Além de nos justificar, o que mais Deus faz conosco? Que
grande bênção alcançamos quando cremos fielmente em Jesus Cristo? João 1:12.
02. Como Jesus nos ensinou a se referir a Deus? Se somos filhos
de Deus, que benefícios teremos? Leia Romanos 8:17.