sexta-feira, 23 de setembro de 2016

CONVERTEI-VOS JÁ!
(A conversão do ser humano)

Se não vos converterdes (...) não entrareis no reino do céu (Mt 18:3).

Todo ser humano nasce afastado ou alienado de Deus, por causa do pecado, e precisa urgentemente de conversão, isto é, precisa voltar-se para Deus o quanto antes. Nas palavras de Jesus, em Mateus 18:3, ninguém pode entrar no reino dos céus a não ser que se converta. “Converter” significa mudar, retornar ou voltar. Em se tratando de salvação, essa palavra representa a atitude do pecador que está andando por um caminho e, num determinado momento recebe o chamado do evangelho e rende-se a proposta de Cristo, muda de caminho. O mesmo texto de Mateus 18:3, citado anteriormente, na versão da Nova Bíblia Viva está traduzido assim: Se vocês não mudarem de vida, (...), nunca entrarão no reino dos céus.
A experiência da conversão é gloriosa.[1] É uma das mais fantásticas que um ser humano pode experimentar. Mais importante do que casar-se, tornar-se maior de idade, tirar a carteira nacional de habilitação, ser uma pessoa nobre, ganhar uma grande fortuna, etc. A conversão é o passar da morte para vida, das trevas para a luz, de uma vida dominada pelo pecado para uma vida livre em Cristo; de uma vida sem esperança para uma vida com significado. Significa ser adotado para a mais nobre das famílias: a família de Deus! Significa receber as provisões necessárias tanto para esta vida como para a eternidade. Realmente, é uma gloriosa experiência!
Além de gloriosa, a experiência da conversão é necessária. Diz a Bíblia: Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e desesperadamente corrupto... (Jr 17:9). O coração humano foi corrompido pelo pecado e todos nós carregamos em nossa alma uma doença incurável. Sabe que doença é essa? É a natureza pecaminosa. Ou seja, uma inclinação natural para o pecado, um desejo incontrolável pelo lixo desse mundo e um maléfico prazer em fazer o que é errado. Desde a queda, lá no Éden, todos, homens e mulheres, já nascem com essa terrível natureza. Com ela, é impossível ao ser humano gostar de coisas espirituais, tais como: ler e meditar na palavra de Deus, orar, obedecer e servir a Jesus. Por isso, precisamos de uma conversão de natureza e de caminho.
            Dois são os elementos presentes no processo da conversão: arrependimento e fé. Conversão é o ato de deixar o pecado em arrependimento e voltar-se para Cristo em fé. Stott nos apresenta essa verdade através de uma equação: “arrependimento + fé = conversão”.[2] Quando Jesus começou a pregar ele apresentou estes dois elementos: Arrependei-vos e crede no evangelho (Mc 1:15). A palavra arrependimento é uma tradução do termo grego metanóia, que significa, literalmente, “transformação de mente” ou “mudança de opinião”. Este era um termo militar, usado nas marchas. Quando um comandante queria que os seus soldados mudassem de direção, gritava: Metanóia! Na vida cristã, acontece quando o pecador, convencido pelo Espírito Santo (cf. Jo 16:8-11), percebe que está no caminho errado. Contudo, é bom que se diga que, está palavra, no original, além de sugerir mudança de direção, também era uma convocação para “andar em outra direção”. Metanóia olha tanto para trás como para frente.
            Ela significa passar por uma transformação radical de coração e vida, sofrer uma verdadeira reviravolta. Segundo a Bíblia, esse tipo de arrependimento não é igual ao remorso, mas é a verdadeira e profunda tristeza pelo pecado, que é seguida pelo desejo e empenho por mudanças (cf. 2 Co 7:9-10). Assim, arrepender-se é o mesmo que virar as costas para o pecado. Esse é um passo importante para salvação. Tomar esta decisão envolverá, por exemplo, perder muitas coisas. Jesus disse que aqueles que desejassem vir após ele, deveriam estar dispostos a “negar a si mesmos” e “tomar a cruz” (Mc 8:34).
            E o que Jesus quis dizer com estas expressões? Com “negar-se a si mesmo”, ele não quis dizer que devemos negar coisas a nós mesmos.[3] Deixar de comer doces, beber refrigerante, etc. Não! Devemos deixar “a nós” mesmos! Eu não vivo mais uma vida de demanda pelos meus prazeres. A palavra original grega para negar-se significa “recusar-se associar-se com”. A ideia é que se você decidiu ser discípulo de Jesus você deve se recusar a associar com a pessoa que você é. Você está cansado do seu eu pecaminoso. Sobre o “tomar a cruz”, o que isto quer dizer?[4] A cruz é muito mais do que um símbolo de inconveniência. Muitos costumam chamar o chefe chato de “cruz”, o marido preguiçoso de “cruz”. Mas, cruz é símbolo de morte! Jesus está dizendo que quem não estivesse disposto a ter conflito com o mundo, até ao ponto que isso pudesse custar à própria vida, não poderia segui-lo! Isto é metanoia! A nossa vida precisa passar por esta reviravolta!
            Contudo, ele só terá resultados efetivos se for acompanhado da fé salvífica, isto é, crer em Jesus como Salvador. Se pelo arrependimento viramos as costas para o pecado, pela fé confiamos que Cristo é capaz de nos perdoar e assim passamos a caminhar em sua direção. Fé é o  “ate olhar para Jesus, e saber lá no fundo do ser que ele é o único e suficiente salvador, e se entregar a ele para viver nele”.[5] Temos três conceitos inclusos nesta definição: conhecimento, aceitação e confiança.[6] Não existe fé sem conhecimento, por isso, conforme já dissemos, a fé nasce em nós pelo ouvir... (Rm 10:17), através da pregação do evangelho. Depois que do conhecimento, vem a aceitação, isto é, o ato de concordar com a maneira de Deus para resolver o problema do pecado, aceitando-o para si como o único meio. Por fim, vem a confiança. Depois desta aceitação preciso descansar nesta obra de Cristo, e viver nele. O justo vive pela fé. É a fé que nos mantém no caminho. Portanto, a conversão é uma transformação completa, realizada pelo Espírito, mediante a aceitação do ser humano, que produz verdadeiro arrependimento e verdadeira fé. É uma obra que acontece no início da nossa jornada na vida cristã.

PARA REFLETIR

01. O que é a conversão? Porque ela é tão necessária?

02. Quais são os dois elementos da conversão? Medite sobre eles e responda, você já deu esse importante passo em sua vida?



[1] Ryle (2002:76).
[2] Stott (137).
[3] McCall (2009:159).
[4] Idem, p. 160.
[5] Lima (2006:370).
[6] Idem, p. 371-372.