segunda-feira, 17 de outubro de 2016

MORDOMOS DOS BENS E DA VIDA DEVOCIONAL
(A mordomia na vida cristã)

“Disse o Senhor: Quem é, pois, o mordomo fiel e prudente...?” (Lc 12:42).

            No último estudo começamos a estudar sobre a “mordomia cristã”. Somos administradores do Senhor nesta terra. Vimos que somos mordomos do nosso tempo e, também, no nosso corpo. No presente estudo, continuaremos falando sobre a mordomia cristã noutras duas áreas: nas finanças e na vida devocional. Precisamos administrar bem o dinheiro que Deus coloca em nossa mão, e também o cultivo de nossa vida cristã, praticando exercícios espirituais. Vejamos com mais detalhes:
            Em primeiro lugar, pensemos em nosso papel como mordomos de nossas finanças. Existe um Provérbio muito interessante, que diz o seguinte: Honra ao Senhor com os teus bens e com as primícias de toda a tua renda; e se encherão fartamente os teus celeiros, e transbordarão de vinho os teus lagares (3:9-10). Sabe qual o grande ensino deste Provérbio? Precisamos glorificar a Deus com as nossas rendas. Esta é o sentido do verbo “honrar”. Como eu faço isso? Utilizando meu dinheiro de modo a agradá-lo. Na prática, isso significa pelo menos três coisas: dizimar, ofertar e repartir.
            Dizimar: O significado de “dízimo” está implícito na própria palavra e equivale a 10% (dez por cento) de um todo. Esse todo representa 100% (cem por cento). Dividindo-se esses 100% (cem por cento) por 10, temos o quociente 10. O resultado dessa divisão representa o dízimo. Portanto, o dízimo de 100 ovelhas são 10 ovelhas; o dízimo de R$: 100,00 (cem reais) são R$: 10,00 (dez reais). Sobre o dízimo temos a seguinte recomendação: Trazei todos os dízimos à casa do Tesouro, para que haja mantimento na minha casa; e provai-me nisto, diz o Senhor dos Exércitos, se eu não vos abrir as janelas do céu e não derramar sobre vós bênção sem medida (Ml 3:10). O próprio Jesus deu validade a esta prática em certa ocasião (Mt 23:23).
            Ofertar: As ofertas, ao contrário dos dízimos, não são feitas com base num percentual da quantia recebida. Ofertar é um ato natural de agradecimento. As ofertas são sempre voluntárias (1 Co 9:7). Aos que são fiéis em suas contribuições, Deus promete bênçãos. Contudo, não concordamos com aqueles que procuram motivar a prática das contribuições com a promessa de que serão revertidas em prosperidade material, como se a relação do crente com Deus fosse à base de troca: “É dando que se recebe”. Não podemos enfatizar tanto a questão do retorno financeiro a ponto de esquecermos que este não é o benefício de que o crente mais precisa. O crente deve contribuir com fé, como fez a viúva pobre, descrita em Lc 21:1-4, que, ao contrário dos que ofertavam do que lhes sobejava, colocou, na salva, tudo que possuía. Ela tinha a certeza de que Deus não lhe deixaria faltar o necessário para o seu sustento. O mais importante para ela era glorificar a Deus.
            Repartir: Deus espera que sejamos generosos com o nosso próximo que tem dificuldades financeiras. A ajuda ao necessitado sempre esteve entre as práticas cristãs (Mt 6:1-4). Se você tem muito ou pouco, não existe desculpa para não ser generoso. Em 2 8:2, Paulo diz que os irmãos da Macedônia eram extremamente pobres, entretanto, transbordaram em riqueza de generosidade. Eles deram voluntariamente na medida dos seus bens. Mesmo não tendo quase nada, quiseram participar da assistência àqueles que não tinham nada. Mesmo tendo pouco, peça a Deus condições para ajudar o que não tem nada. Agora, se você tem muito, gostaria que lesse um recado da palavra de Deus: Ordene aos que são ricos no presente mundo que não sejam arrogantes, nem ponham sua esperança na incerteza das riquezas, mas em Deus que tudo nos provê ricamente, para a nossa satisfação. Ordene-lhes que pratiquem o bem, sejam ricos em boas obras, generosos e prontos em repartir. Dessa forma, eles acumularão um tesouro para si mesmos, um firme fundamento para a era que há de vir, e assim alcançarão a verdadeira vida (1 Tm 6:17-19).
Por fim, como mordomo das nossas finanças sempre tenha em mente que Deus é o dono de tudo. Do Senhor é a terra e a sua plenitude, o mundo e aqueles que nele habitam (Sl 24:1). Nossa vida e tudo o que temos pertencem ao Senhor. Nossa respiração, nossa saúde física e mental, nosso emprego, nossos ganhos, nossos bens, etc. É este o modo de entender do cristão. Nele vivemos, e nos movemos, e existimos.
            Em segundo lugar, pensemos em nosso papel como mordomos de nossa vida devocional. Gostaria de destacar duas práticas cristãs devocionais importantes: a oração e o jejum. Como mordomos que somos, devemos sempre reservar tempo para ambas. “Um cristão maduro é aquele que tem uma vida plena de oração. (...) Desperdiçamos tempo e energia quando tentamos viver a vida sem oração”.[1] Uma oração é uma fala. No sentido religioso do termo, é o meio pelo qual o cristão conversa com Deus. Osmar Ludovico diz que “a oração é uma relação de amizade pessoal com Deus”. Orar não significa dedicar alguns minutos de manhã e à noite para balbuciar algumas palavras a Deus. Oração é relacionamento. Um relacionamento que controla a vida toda. Orar significa que a própria vida tornou-se um diálogo com Deus. Envolve muito mais do que proferir palavras. É muito mais do que falar com a boca, é falar com o coração. Jesus nos ensinou a orar (Mt 6:5-13).
            Além da oração, outra prática igualmente importante é o jejum. Jejum é a abstinência total ou parcial de alimentos. Na Bíblia, está ligado a uma abstenção de alimentos, sempre com fins espirituais. A palavra “jejum” traz a ideia de “abnegação”. Quando jejuamos, renunciamos as exigências naturais do organismo, junto com o prazer de comer, para dependermos totalmente de Deus. Confessamos, com o jejum, que dependemos somente do Senhor. Confiamos nele para nos sustentar, durante todo o dia, como se estivéssemos comendo algum tipo de alimento. Deixamos de nos alimentar do pão material para nos alimentar do pão do céu. O estômago descansa de alimento para o coração se encher da presença e da graça do Senhor. O jejum não deve ser usado como uma forma de se tentar manipular Deus. Muitas pessoas usam o jejum como uma forma de tentar comprar o favor de Deus. Há quem o use para tentar fazer com que Deus mude e faça o que desejam. Deus não é mudado por causa do nosso jejum! As bênçãos não nos são dadas por causa do jejum, mas por causa da cruz de Cristo. O Senhor Jesus nos ensinou a jejuar, e espera que seus seguidores pratiquem o mesmo (Mt 6:16-18).

PARA REFLETIR

01. A maneira que utiliza seus bens glorifica a Deus? 

02. Como ser um bom mordomo da vida devocional?



[1] Lopes (2006:118).