terça-feira, 7 de junho de 2011

PERÍODO INTERBIBLICO


I. DESENVOLVIMENTO POLÍTICO

A Expressão “400 anos de silêncio”, freqüentemente empregada para descrever o período entre os últimos eventos do A.T. e o começo dos acontecimentos do N.T. não é correta nem apropriada. Embora nenhum profeta inspirado se tivesse erguido em Israel durante aquele período, e o A.T. já estivesse completo aos olhos dos judeus, certos acontecimentos ocorreram que deram ao judaísmo posterior sua ideologia própria e, providencialmente, prepararam o caminho para a vinda de Cristo e a proclamação do Seu evangelho.

Supremacia Persa

Por cerca de um século depois da época de Neemias, o império Persa exerceu controle sobre a Judéia. O período foi relativamente tranqüilo, pois os persas permitiam aos judeus o livre exercício de suas instituições religiosas. A Judéia era dirigida pelo sumo sacerdotes, que prestavam contas ao governo persa, fato que, ao mesmo tempo, permitiu aos judeus uma boa medida de autonomia e rebaixou o sacerdócio a uma função política. Inveja, intriga e até mesmo assassinato tiveram seu papel nas disputas pela honra de ocupar o sumo sacerdócio. Joanã, filho de Joiada (Ne 12.22), é conhecido por ter assassinado o próprio irmão, Josué, no recinto do templo.
A Pérsia e o Egito envolveram-se em constantes conflitos durante este período, e a Judéia, situada entre os dois impérios, não podia escapar ao envolvimento. Durante o reino de Artaxerxes III muitos judeus engajaram-se numa rebelião contra a Pérsia. Foram deportados para Babilônia e para as margens do mar Cáspio.

O IMPÉRIO GREGO

Alexandre, o Grande - Em seguida à derrota dos exércitos persas na Ásia Menor (333 a.C.), Alexandre marchou para a Síria e Palestina. Depois de ferrenha resistência, Tiro foi conquistada e Alexandre deslocou-se pra o sul, em direção ao Egito. Diz a lenda que quando Alexandre se aproximava de Jerusalém o sumo sacerdote Jadua foi ao seu encontro e lhe mostrou as profecias de Daniel, segundo as quais o exército grego seria vitorioso (Dn 8). Essa narrativa não é levada a sério pelos historiadores, mas é fato que Alexandre tratou singularmente bem aos judeus. Ele lhes permitiu observarem suas leis, isentou-os de impostos durante os anos sabáticos e, quando construiu Alexandria no Egito (331 AC), estimulou os judeus a se estabelecerem ali e deu-lhes privilégios comparáveis aos seus súditos gregos.

Domínio da palestina no período interbíblico

1. Período Grego, 333-323 a.C. (governo de apenas 10 anos).

2. Período Ptolemaico (Egípcio), 323-200 a.C

3. Período Selêucida (Sírio), 200-163 a.C

4. Período dos Macabeus (Judaico) 163-63 a.C

5. Período Romano, de 63 até os tempos de Jesus.

A divisão do império Grego

Dez anos depois de tantas vitórias, sucumbiu por uma doença até agora desconhecida. E seu império tornou-se um lugar de grande disputas para sua sucessão. Um filho muito criança e um irmão idiota não tinha condições de substitui-lo. Então, seu quatro generais começaram uma disputa entre si. O bom senco prevaleceu e o reino foi divido para os quatro:

• Ptolomeu – Egito

• Seleuco – Síria

• Cassandro – Macedônia

• Lisímaco - Trácia

A Judéia sob os Ptolomeus

Depois da morte de Alexandre (323 a.C.), a Judéia, ficou sujeita, por algum tempo a Antígono, um dos generais de Alexandre que controlava parte da Ásia Menor. Subseqüentemente, caiu sob o controle de outro general, Ptolomeu I (que havia então dominado o Egito), cognominado Soter, o Libertador, o qual capturou Jerusalém num dia de sábado em 320 a.C. Ptolomeu foi bondoso para com os judeus. Muitos deles se radicaram em Alexandria, que continuou a ser um importante centro da cultura e pensamento judaicos por vários séculos. No governo de Ptolomeu II (Filadelfo) os judeus de Alexandria começaram a traduzir a sua Lei, i.e., o Pentateuco, para o grego. Esta tradução seria posteriormente conhecida como a Septuaginta, a partir da lenda de que seus setenta (mais exatamente 72 - seis de cada tribo) tradutores foram sobrenaturalmente inspirados para produzir uma tradução infalível. Nos subseqüentes todo o Antigo Testamento foi incluído na Septuaginta.

A Judéia sob os Selêucidas

Depois de aproximadamente um século de vida dos judeus sob o domínio dos Ptolomeus, Antíoco III (o Grande) conquistou a Síria e a Palestina aos Ptolomeus do Egito (198 a.C.). Os governantes sírios eram chamados selêucidas porque seu reino, construído sobre os escombros do império de Alexandre, fora fundado por Seleuco I (Nicator).

Durante os primeiros anos de domínio sírio, os selêucidas permitiram que o sumo sacerdote continuasse a governar os judeus de acordo com suas leis. Todavia, surgiram conflitos entre o partido helenista e os judeus ortodoxo. Antíoco IV (Epifânio) aliou-se ao partido helenista e indicou para o sacerdócio um homem que mudara seu nome de Josué para Jasom e que estimulava o culto a Hércules de Tiro. Jasom, todavia, foi substituído depois de dois anos por uma rebelde chamado Menaém (cujo nome grego era Menelau). Quando partidários de Jasom entraram em luta com os de Menelau, Antíoco marchou contra Jerusalém, saqueou o templo e matou muitos judeus (170 a.C.). As liberdades civis e religiosas foram suspensas, os sacrifícios diários forma proibidos e um altar a Júpiter foi erigido sobre o altar do holocausto. Cópias das Escrituras foram queimadas e os judeus foram forçadas a comer carne de porco. Uma porca foi oferecida sobre ao altar do holocausto para ofender ainda mais a consciência religiosa dos judeus.

Dois anos após fatidicos infortunios contra os judeus, Antioco Epifanes retoma suas perseguições, enviando Apolonio à Judéia. Este vai acompanhado com uma tropa de 22.000 homens, com ordem expressas de exterminar os judeus. Apolônio entra em Jerusalém numa terça-feira e aguarda até o sábado. Naquele dia aconteceu um terrível chacina. O templo de Jerusalém foi dedicado a Zeus, seus pátios foram profanados, com orgias e ofertas abomináveis, restaurando o culto a Baal e outros ídolos. Os exemplares dos rolos da lei foram distribuíds entre os hereges para serem profanados com pinturas eróticas. A partir de então qualquer pessoa que rejeitasse as ordem dos gregos ou insistisse em qualquer prática judaíca, era castigado com pena de morte. A dupla Antíoco e Apolônio aterrorisaram os judeus.

Os Macabeus

Não demorou muito para que os judeus oprimidos encontrassem um líder para sua causa. Quando os emissários de Antíoco chegaram à vila de Modina, cerca de 24 quilômetros a oeste de Jerusalém, esperavam que o velho sacerdote, Matatias, desse bom exemplo perante o seu povo, oferecendo um sacrifício pagão. Ele, porém, além de recusar-se a fazê-lo, matou um judeu apóstata junto ao altar e o oficial sírio que presidia a cerimonia. Matatias fugiu para a região montanhosa da Judéia e, com a ajuda de seus filhos, empreendeu uma luta de guerrilhas contra os sírios. Embora o velho sacerdote não tenha vivido para ver seu povo liberto do jugo sírio, deixou a seus filhos o término da tarefa. Judas, cognominado “o Macabeu”, assumiu a liderança depois da morte do pai. Por volta de 164 a.C. Judas havia reconquistado Jerusalém, purificado o templo e reinstituído os sacrifícios diários. Pouco depois das vitórias de Judas, Antíoco morreu na Pérsia. Entretanto, as lutas entre os Macabeus e os reis selêucidas continuaram por quase vinte anos. Nesta luta os judeus foram liderados por: Matatias, Judas Macabeu, Jonas (houve trégua com os sírios, foi apoiado por Alexandre Bala Selêucida), Simão (quando foi conquistada a independencia total) e João Hircano. No periodo de Simão Macabeu, acontece o declinio dos sírios. E é no período João Hircano que fica mais definido os partidos religiosos na palestina: Farizeus e saduceus.

O Reino de Judá restabelecido?

Aristóbulo I - foi o primeiro dos governantes Macabeus a assumir o título de “Rei dos Judeus”. Era um judeu helenizado e crueu, matou a mãe de fome na prisão, e por ciúme matou um de seus irmãos.

Alexandre - Depois de um breve reinado, foi substituído pelo irmão, o tirânico Alexandre Janeu (Traciano) tinha esse apelido por ser vagabundo e desgovernado. Ele é expulso de seu próprio reino por seus súditos, que é devolvido posteriormente. Era inimigo dos fariseus. Após sua morte, foi substituido por sua esposa Alexandra.

Alexandra - O reinado de Alexandra foi relativamente pacífico. Ela inverteu o reinado de seu esposo. Colocou os fariseus no poder, estes vingaram os saduceus.

Aristóbulo II e Hircano - Alexandra estava viva ainda quando começaram as disputas para sua sucessão. Os Saduceus unido ao partido militar apoiavam a Aristóbolo, filho mais novo de Alexandra; e os fariseus apoiavam a Hircano filho mais velho. Com a morte de Alexandra, um filho mais novo, Aristóbulo II, desapossou seu irmão mais velho que ficou como sumo-sacerdote. A essa altura, Antípater, governador da Iduméia, assumiu o partido de Hircano, e surgiu a ameaça de guerra civil.

II - O IMPÉRIO ROMANO CHEGA A PALESTINA

Nesta situação os romanos são incentivados por Antípater (pai de Herodes) a intervir no conflito. Roma entrou em cena e Pompeu marchou sobre a Judéia com as suas legiões, buscando um acerto entre as partes e o melhor interesse de Roma. Aristóbulo II tentou defender Jerusalém do ataque de Pompeu, mas os romanos tomaram a cidade e penetraram até o Santo dos Santos. Pompeu, todavia, não tocou nos tesouros do templo.

Marco Antônio apoiou a causa de Hircano. Depois do assassinato de Júlio Cesar e da morte de Antípater (pai de Herodes), que por vinte anos fora o verdadeiro governante da Judéia, Antígono, o segundo filho de Aristóbulo, tentou apossar-se do trono. Por algum tempo chegou a reina em Jerusalém, mas Herodes, filho de Antípater, regressou de Roma e tornou-se rei dos judeus com apoio de Roma. Seu casamento com Mariamne, neta de Hircano, ofereceu um elo com os governantes Macabeus.

Herodes foi um dos mais cruéis governantes de todos os tempos. Assassinou o venerável Hircano (31 AC) e mandou matar sua própria esposa Mariamne e seus dois filhos. No seu leito de morte, ordenou a execução de Antípater, seu filho com outra esposa. Nas Escrituras, Herodes é conhecido como o rei que ordenou a morte dos meninos em Belém por temer o Rival que nascera para ser Rei dos Judeus. Herodes era doente no fisico e na alma. Dedicou a Reconstrução do Templo, obra que iniciou 17 a.C. Durante o minitério de Jesus se trabalhava nele, e só foi terminado em 65 d.C, e destruído em 70 d.C pelo general Tito.


III. GRUPOS RELIGIOSOS DOS JUDEUS

Quando, seguindo-se à conquista de Alexandre, o helenismo mudou a mentalidade do Oriente Médio, alguns judeus se apegaram ainda mais tenazmente do que antes à fé de seus pais, ao passo que outros se dispuseram a adaptar seu pensamento às novas idéias que emanavam da Grécia. Por fim, o choque entre o helenismo e o judaísmo deu origem a diversas seitas judaicas.

Os Fariseus

Os fariseus eram os descendentes espirituais dos judeus piedosos que haviam lutado contra os helenistas no tempo dos Macabeus. O nome fariseu, “separatista”, foi provavelmente dado a eles por seu inimigos, para indicar que eram não-conformistas. Pode, todavia, ter sido usado com escárnio porque sua severidade os separava de seus compatriotas judeus, tanto quanto de seus vizinhos pagãos. A lealdade à verdade às vezes produz orgulho e ate mesmo hipocrisia, e foram essas perversões do antigo ideal farisaico que Jesus denunciou. Paulo se considerava um membro deste grupo ortodoxo do judaísmo de sua época. (Fp 3.5).

Saduceus

O partido dos saduceus, provavelmente denominado assim por causa de Zadoque, o sumo sacerdote escolhido por Salomão (1Rs 2.35), negava autoridade à tradição e olhava com suspeita para qualquer revelação posterior à Lei de Moisés. Eles negavam a doutrina da ressurreição, e não criam na existência de anjos ou espíritos (At 23.3). Eram, em sua maioria, gente de posses e posição, e cooperavam de bom grado com os helenistas da época. Ao tempo do N.T. controlavam o sacerdócio e o ritual do templo. A sinagoga, por outro lado, era a cidadela dos fariseus.

Essênios

O essenismo foi uma reação ascética ao externalismo dos fariseus e ao mudanismo dos saduceus. Os essênios se retiravam da sociedade e viviam em ascetismo e celibato. Davam atenção à leitura e estudo das Escrituras, à oração e às lavagens cerimoniais. Suas posses eram comuns e eram conhecidos por sua laboriosidade e piedade. Tanto a guerra quanto a escravidão era contrárias a seus princípios.

O mosteiro em Qumran, próximo às cavernas em que os Manuscrito do Mar Morto foram encontrados, é considerado por muitos estudiosos como um centro essênio de estudo no deserto da Judéia. Os rolos indicam que os membros da comunidade haviam abandonado as influências corruptas das cidades judaicas para prepararem, no deserto, “o caminho do Senhor”. Tinham fé no Messias que viria e consideravam-se o verdadeiro Israel para quem Ele viria.

Escribas

Os escribas não eram, estritamente falando, uma seita, mas sim, membros de uma profissão. Eram, em primeiro lugar, copista da Lei. Vieram a ser considerados autoridades quanto às Escrituras, e por isso exerciam uma função de ensino. Sua linha de pensamento era semelhante à dos fariseus, com os quais aparecem freqüentemente associados no N.T.

Herodianos

Os herodianos criam que os melhores interesses do judaísmo estavam na cooperação com os romanos. Seu nome foi tirado de Herodes, o Grande, que procurou romanizar a Palestina em sua época. Os herodianos eram mais um partido político que uma seita religiosa.

A opressão política romana, simbolizada por Herodes, e as reações religiosas expressas nas reações sectárias dentro do judaísmo pré-cristão forneceram o referencial histórico no qual Jesus veio ao mundo. Frustrações e conflitos prepararam Israel para o advento do Messias de Deus, que veio na “plenitude do tempo” (Gl 4.4)

CONCLUSÃO – Aos estudantes da História Sagrada se oferece, nesta conjuntura, um problema digno de menção. A difusão da cultura grega, especialmente da sua língua e suas artes, foram a caldo de cultura de um mundo que se preparava para receber o maior personagem de todos os séculos, Jesus Cristo. A difusão do grego, por todo o mundo de então, tornou-se os diversos povos em um só povo, uma só língua e uma só cultura. O mundo estava sendo preprado para receber a Jesus.